Este é um blog de sonhos. Os textos aqui publicados fazem parte do universo imaginário de LL. No entanto, apesar de serem criados no imaginário, quantos deles não nascem na realidade? *
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
A tua ex-namorada
Sabes quem vi hoje? A tua ex-namorada. Encontrei-a na pastelaria onde costumavas levá-la. Tinha um ar cansado, cansado da vida se é que percebes o que te quero dizer... Estava sozinha, perdida em pensamentos enquanto saboreava um chocolate quente, como costumavam tomar quando iam lá os dois. E sem se aperceber tinha os olhares masculinos todos centrados nela. É linda, é realmente muito bonita. Bem mais bonita do que parecia nas fotos que encontrei na última gaveta da tua secretária. Já te tinha falado nisso? Não, claro que não. Não tive coragem de te perguntar porque é que aquilo ainda estava ali. Optei pela estratégia que adopto quando percebo que algo está errado, fingir que não se passa nada. Pode ser fraco da minha parte, mas é tão mais fácil! Como te estava a contar, reparei também que trazia a camisola azul que lhe deste quando fizeram um ano de namoro. Lembraste? Parecida à que me ofereceste no meu aniversário. Mas ficava bem melhor nela. Estava com o J, ele também reparou nela e no seu olhar triste. Deves ter magoado muito aquele coração. Nunca percebi muito bem o que vos aconteceu. Sabes, eu não sou ela, por mais que tente. Não sou tão bonita e nem sequer gosto de azul. A minha mãe nunca te fará um bolo no teu aniversário e também nunca ficará feliz por te ver lá em casa. Não, pelo menos não como a dela ficava. O meu pai nunca irá ver os jogos de futebol da Selecção contigo, porque ele nem sequer gosta de futebol. Eu não te posso dar tudo o que ela te deu, não posso fazer por ti o que ela fez, viver contigo o que ela viveu, porque eu não sou ela e nunca serei. Eu nunca te entregarei a minha vida como ela te entregou, porque eu não quero acabar como ela. Agarrada às memórias de um passado que já nem lhe pertence. Ela nem olhou à sua volta, nem se apercebeu que na cabeça da maior parte dos homens que ali estavam, estava o pensamento de um dia vir a ter uma mulher como ela. Sabes porquê? Claro que sabes. Porque o seu coração te pertence. Senti as minhas mãos a gelarem. Tive medo, muito medo. Medo de um dia ser eu a sentar-me naquela cadeira. Não me leves nunca ali, não me peças para beber chocolate quente contigo e mais do que isso, não me peças para ser ela. Ela é bem mais bonita e eu nem sequer gosto de azul.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Bem vinda ao mundo encantado das mentiras.
03:00h
-L, estás bem?
-Foi tudo um sonho? Diz-me que sim M!
-Oh L, já te pedi tanto para parares de pensar nisso, já passou. Acabou. Está tudo bem.
(...)
-Diz-me, mesmo depois de tudo, não merecia pois não?
-Não L, não merecias. Aliás, tu merecias era mais, bem mais respeito da parte dele.
L levantou-se, a custo, com olhar cansado, rosto apagado e um olhar demasiado brilhante. Acabada de cair na realidade, de perceber que não seria sempre ela quem faria sofrer, um dia a dor também lhe iria bater à porta, esse dia só não precisava de ser hoje. Mas foi. Bem-vinda L, ao mundo encantado das mentiras.
-Vou escrever-lhe M.
-Não faças isso, não merece nem uma palavra tua! Dorme, descansa.
-Eu sei, vou escrever-lhe sem que ele algum dia chegue a ler o que tanto lhe quis dizer.
"Não te pergunto como tens passado, não me interessa. Não espero que estejas mal, apenas não me interessa. Já senti raiva de ti, já senti mágoa, agora não sinto nada. Anestesiei-me com a certeza de que não merecia que me tivesses enganado desta forma. Não merecia que me tivesses feito acreditar num mundo que na verdade só existia na minha cabeça. De todas as mentiras ditas por ti, "eu amo-te" foi a minha preferida, sabes? Foi aquela que mesmo sendo enganadora me fez sentir a mulher mais sortuda deste mundo. Porque te tinha comigo. Mas a tua máscara caiu e eu ganhei consciência da realidade. Percebi que tudo aquilo que um dia eu julgava ter construido contigo só existia na minha cabeça, no mundinho cor-de-rosa que eu insistia em pintar para viver. Espero que entendas como foste cruel, mais do que isso, cobarde. Nunca entendi o nosso fim, mas também nunca te pedi explicações. Para mim um fim não tinha explicação. Acabou. Não há nada a acrescentar. Mas mesmo assim, teria sido tão mais fácil teres-me dito a verdade. Teres-me dito que à muito tempo que eu deixara de ser a tua menina e que tinhas construido um outro mundo do qual eu não fazia parte. Não precisavas de me ter mentido, de me ter enganado, qualquer coisa teria sido melhor. Hoje se é estranho para mim entender que não és mais do que um desconhecido, não é por amor, é porque o sentimento de mágoa acha que a vingança mais fácil chegará no dia em que perceberes que eu fui tanto e me perdeste por tão pouco. Quando soube, julguei que iria perder o equilibrio, mas não, quase perdi a pulsação. Podia dar mil e um motivos para te ter escrito esta carta, mas não há tantos, apenas um. Escrevi-te para que percebas que não és nada. E pior do que sentir raiva de ti, é sentir rigorosamente nada,
LL"
-L, estás bem?
-Foi tudo um sonho? Diz-me que sim M!
-Oh L, já te pedi tanto para parares de pensar nisso, já passou. Acabou. Está tudo bem.
(...)
-Diz-me, mesmo depois de tudo, não merecia pois não?
-Não L, não merecias. Aliás, tu merecias era mais, bem mais respeito da parte dele.
L levantou-se, a custo, com olhar cansado, rosto apagado e um olhar demasiado brilhante. Acabada de cair na realidade, de perceber que não seria sempre ela quem faria sofrer, um dia a dor também lhe iria bater à porta, esse dia só não precisava de ser hoje. Mas foi. Bem-vinda L, ao mundo encantado das mentiras.
-Vou escrever-lhe M.
-Não faças isso, não merece nem uma palavra tua! Dorme, descansa.
-Eu sei, vou escrever-lhe sem que ele algum dia chegue a ler o que tanto lhe quis dizer.
"Não te pergunto como tens passado, não me interessa. Não espero que estejas mal, apenas não me interessa. Já senti raiva de ti, já senti mágoa, agora não sinto nada. Anestesiei-me com a certeza de que não merecia que me tivesses enganado desta forma. Não merecia que me tivesses feito acreditar num mundo que na verdade só existia na minha cabeça. De todas as mentiras ditas por ti, "eu amo-te" foi a minha preferida, sabes? Foi aquela que mesmo sendo enganadora me fez sentir a mulher mais sortuda deste mundo. Porque te tinha comigo. Mas a tua máscara caiu e eu ganhei consciência da realidade. Percebi que tudo aquilo que um dia eu julgava ter construido contigo só existia na minha cabeça, no mundinho cor-de-rosa que eu insistia em pintar para viver. Espero que entendas como foste cruel, mais do que isso, cobarde. Nunca entendi o nosso fim, mas também nunca te pedi explicações. Para mim um fim não tinha explicação. Acabou. Não há nada a acrescentar. Mas mesmo assim, teria sido tão mais fácil teres-me dito a verdade. Teres-me dito que à muito tempo que eu deixara de ser a tua menina e que tinhas construido um outro mundo do qual eu não fazia parte. Não precisavas de me ter mentido, de me ter enganado, qualquer coisa teria sido melhor. Hoje se é estranho para mim entender que não és mais do que um desconhecido, não é por amor, é porque o sentimento de mágoa acha que a vingança mais fácil chegará no dia em que perceberes que eu fui tanto e me perdeste por tão pouco. Quando soube, julguei que iria perder o equilibrio, mas não, quase perdi a pulsação. Podia dar mil e um motivos para te ter escrito esta carta, mas não há tantos, apenas um. Escrevi-te para que percebas que não és nada. E pior do que sentir raiva de ti, é sentir rigorosamente nada,
LL"
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