domingo, 26 de agosto de 2012

Quem espera, desespera.

Combinamos tomar um café naquela tarde ensolarada de Domingo. O meu relógio ainda não marcava as 15h e eu já tinha chegado à esplanada onde algo dentro de mim me fazia acreditar que tudo iria mudar e desta vez para melhor. Sabia que ia ter que esperar um pouco, acendi o meu cigarro e pedi um café curto. Sorri à empregada de mesa quando me trouxe o café, era um grande dia e queria partilhar a minha felicidade. Tu estavas de volta, de volta na minha vida. Tinha agora a oportunidade de fazer tudo dar certo, de remendar o passado, de dar uma nova oportunidade não só a nós, mas a mim mesma. Trazia um vestido branco que realçava o meu bronze e me dava um ar descontraído, queria disfarçar o nervosismo de te ter por perto. O tempo passava devagar e eu aguardava a tua chegada, aguardava o momento em que te pudesse dizer a falta que me fazias e contar como a minha vida tinha mudado. Dizer-te que aprendi a ser a minha própria companhia, que eu e a cozinha fizemos as pazes, que aprendi a contar comigo e só comigo e que me tenho desiludido menos desde esse dia. Contar-te que penso em ti de cada vez que faço a mala e vou por aí, como se não tivesse casa, ou família, ou amigos, tirando fotos a cada pormenor que seria descabido para muitos, mas que faria todo o sentido aos nossos olhos. Essas ideias invadiram a minha cabeça por longos momentos. Instintivamente olhei para o relógio e já eram quase 16h. Fiquei petrificada a olhar para o relógio de prata que me iluminava o pulso e em seguida, numa tentativa de que os meus olhos te encontrassem, olhei em volta. Nenhum sinal da tua presença. Tentei convencer-me a mim mesma que uma hora de atraso poderia ser normal, percebi que não, pensei então que devia ter acontecido alguma coisa grave, não poderia haver outra justificação para me teres deixado ali à tua espera. Decidi ligar-te para saber o que tinha acontecido mas tu não me atendeste. Foi então que caí na realidade, se não estavas ali naquele momento era porque não querias, sempre soubeste o trabalho que dava manter alguém como eu a teu lado. Seria mais fácil não me teres por perto e logo tu que sempre preferiste comodidades. Não sei explicar o que me passou pelo coração naquele momento, a dor foi dilacerante. Peguei no telemóvel e enviei-te uma mensagem: Peço desculpa por só avisar agora, tentei ligar, mas não atendeste, não dá para irmos tomar café surgiram imprevistos. Beijo.

Se sabias tão bem o quanto custa manter alguém como eu a teu lado, também deverias saber que fracos somos todos, mas nem todos o admitem.

Chamei a empregada de mesa e pedi outro café, desta vez não sorri, não tinha mais felicidade para partilhar, ela olhou para mim com simpatia, como se estivesse a perceber o que se estava a passar e disse-me:

- Às vezes os cafés ajudam-nos a acordar, quando os olhos vêem mas o coração não quer acreditar.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Não tens frigorífico em casa?!

Bati com a porta do teu carro, a força que utilizei foi exagerada e desproporcionada. Ouvi-te gritar: Não tens frigorífico em casa?! Respondi-te, com um desdém estampado no rosto: Tenho. Mas se eu partir a porta do meu frigorífico não deixo de comer iogurtes, não tenho culpa que não tenhas outro carro para conduzir no dia em que o teu velho Ford te falhar, mas começa a pensar em planos B. Porque no dia em que eu te deixar, também terás que encontrar um outro alguém para amar. E por falar nisso, vou comprar outro frigorífico, não vá eu um dia destes partir a porta, logo eu que gosto tanto de iogurtes. Logo eu que tenho sempre um plano B.