Este é um blog de sonhos. Os textos aqui publicados fazem parte do universo imaginário de LL. No entanto, apesar de serem criados no imaginário, quantos deles não nascem na realidade? *
sexta-feira, 27 de março de 2015
Não estava à tua espera. Finalmente me havia conformado com o que aos meus olhos se havia tornado uma certeza, homem nenhum consegue amar uma mulher assim. "Homens precisam de se sentir amados", comentava uma amiga de longa data numa das nossas muitas conversas de café. "A tua segurança em ti mesma, a liberdade que tanto prezas, o facto de quereres ser tu a controlar tudo na tua vida, traz insegurança ao homem que estiver a teu lado."
Comecei a pensar nisso e nas particularidades que faziam de mim uma mulher difícil. Sempre me considerei uma mulher simples de perceber, mas entendia agora que essa minha simplicidade causava todo um mapa complexo aos olhos de qualquer homem. Não tinha muito orgulho no meu passado, não fui a mulher que um dia quis ser. E foi por isso que me direcionei em sentido contrário e comecei a amar-me mais a cada dia que passa. Troquei a rota, inverti posições e prioridades. Comecei a ser a minha prioridade sempre que acordo de manhã e repito a mesma rotina. Tomo as vitaminas, calço as sapatilhas e vou correr, o dia segue, tenho uma lista de coisas a fazer e não aceito que nenhuma delas se faça esperar. No meu dia tenho que encaixar tempo para os amigos, seja para um café ou uma conversa nas redes sociais. Tenho que ter tempo para a família, o meu bem mais precioso. Tenho que tomar conta da minha vida, dar uma ajeitadela na vida dos outros, visitar os sites que sigo na internet e ainda arranjar um tempo para ir à aula de pilates ao fim do dia. No meio destes dias consigo planear uma viagem, adoro passear em boa companhia, mas sei apreciar a minha, por isso às vezes saio por aí, comigo mesma. E sou feliz. Não tenho paciência para justificações desnecessárias e contínuas, pormenores aborrecidos e perfeitamente descartáveis sobre o quotidiano. Acho que isso muito contribui para que o casal chegue ao ponto E, E de enfadonho, em que já conta tudo e mais alguma coisa. Tudo o que não interessa e mais alguma coisa desnecessária que ainda se lembra de acrescentar. No entanto, gosto e reconheço a importância de uma conversa agradável ao fim do dia em que conto o que andei a fazer, o que conheci, aquilo que aprendi e o dinheiro que poupei para uma próxima viagem. E o melhor disto tudo, é que ele entende-me. Não cobra muito de mim. Habituou-se à complexidade de mulher que escolheu amar. No início pensei que se tratava apenas de um fascínio pela mulher independente e que ainda assim tem tempo para fazer a sua sobremesa preferida. Depois percebi que não, ele gosta de mim e é por isso que me dá asas para voar. Não me prende mas nunca me falha. Não o prendo mas nunca lhe falhei. Diz ele que nunca pensou aceitar uma mulher assim, digo eu que nunca pensei encontrar alguém tão seguro de si ao ponto de me deixar ser eu mesma. Em troca dou-lhe o melhor de mim e aceito-o como ele é, tal como ele faz comigo. Não invadimos o espaço um do outro, mas sabemos que o espaço de um é o espaço de outro. Não nos preocupamos em ser um modelo de casal, mas olhamos para nós com orgulho. Ele dá-me liberdade para ser feliz, ama-me sem me roubar um lado que não volta mais, a minha juventude. Que outro homem me poderia amar assim? Que outro homem aceitaria uma mulher assim? Acho que amar é isto mesmo, aceitar a mulher que temos ao nosso lado, estimula-la, ter orgulho nela, compreender as suas necessidades, apoiá-la. E nisso, eu sinto-me a mulher mais amada deste mundo. Agora vou dormir, que amanhã a vida segue e ao fim do dia ainda tenho que ter tempo para te contar o que aprendi enquanto adormeço livre mas segura nos teus braços.
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