Este é um blog de sonhos. Os textos aqui publicados fazem parte do universo imaginário de LL. No entanto, apesar de serem criados no imaginário, quantos deles não nascem na realidade? *
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Desafios do coração
Não sei como te escrever, faltam-me as palavras e não encontro o jeito de te chegar ao coração. Talvez porque não te conheço bem, o que em nada me orgulha. Sabes de cor cada traço do meu rosto e tens a palavra certa para cada variação de humor minha. E no entanto, eu não te conheço. Dizem eles que gostaste muito de mim, acredito que hoje já nada sintas, mais até, aceito-o. Não teria porque não o aceitar, aprendi ao longo dos anos a exercitar a minha coerência e ser coerente é aceitar que não posso prender-te a mim só porque sim. Só porque és o ombro amigo quando eu preciso, me levantas o ego quando desanimo ou me amparas as quedas quando tropeço. Sei que não acreditas quando te digo que se eu fosse dona do meu coração pedir-lhe-ia que te cedesse um lugar. Mas continuo a dizê-lo porque é a única verdade que me orgulho de te dizer. Sei que não te conheço porque nunca te quis conhecer, não te conheço porque tens um coração que não te permitiu desafiar-me. Logo eu, que sempre gostei de um bom desafio. Perguntas-lhe a eles o que tem ele que tu não tens, mas formulas mal a pergunta. Ele é que não tem, não tem o teu coração. Foi então, e por isso mesmo, que me desafiou. Não perco um bom desafio, devias saber disso. Porque tu sabes tudo sobre mim. Sabes que adoro tulipas, que leio José Rodrigues dos Santos antes de adormecer, que gosto de cães mas não gosto de gatos. Talvez ele até nem saiba tudo isso, mas soube despertar a minha atenção. Soube a fórmula exacta para me cativar. Tu nunca me cativaste e, no entanto, sempre olhei para ti como um modelo de genro ideal para apresentar ao meu pai. Acho que o meu pai ia gostar de ti, o meu pai sempre preferiu os bons corações. Eu não, acho que sempre rejeitei a ideia de ter alguém como tu a meu lado, talvez por medo, medo de não estar à altura. É isso, é exactamente isso que quero que saibas. Não te sintas nunca mal, não te negligenciei nunca em virtude de uma melhor opção, foi medo apenas. Medo de não estar à altura. Medo de prender-te a mim e depois sair por ai, em busca de um bom desafio. Logo eu, que sempre gostei de desafios.
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